sexta-feira, 3 de abril de 2009

A dona da papelaria


Passo pela porta e uma melodia anuncia minha chegada. Um dispositivo de segurança que, ao contrário de muitos outros,  atua como um mensageiro de boas vindas, fazendo os "ois" ecoarem. Nas prateleiras, as cores das canetas, lápis e papéis me atraem. Não sei onde fixar o olhar. Crepon, cartão, celofane. Giz, hidrográficas, massinhas. Cadernetinhas, cadernos, fichários. Adesivos, colas, clips. Cacarecos e mais cacarecos que me remetem deliciosamente à infância. Perco a noção do tempo. Atrás do balcão, a dona da papelaria com sua receptividade doce e genuína, exibe sua linda barriga de quase cinco meses, com os olhos cheios de brilho. Eu então me esqueço de olhar ao redor, concentrada no seu relato emocionado sobre a gravidez, e com ela inicio um agradável intercâmbio de experiências. Exames, descobertas, preparativos. Praticamente revivo o que experimentei em minhas duas gestações, e a saudade toma conta do meu coração. Porque hoje já não tenho mais bebês em casa, e essa mudança parece acontecer além da nossa percepção. E porque ser mãe renova o espírito, faz a gente desfrutar da plenitude na coragem, no amor e nas entregas. 
Os minutos voam...dou um longo abraço naquela barriguda iluminada, com minha sacolinha de ótimas tranqueirinhas na mão, e saio com a alma preenchida de paz. Olhar nos olhos, sentir e doar-se, não importa onde nem com quem, é algo que experimento com muito mais frequência depois de virar mãe. Amém.  

Um comentário:

pedromarianoavoz disse...

Se todas as pessoas treinassem esse pequenos gestos a que voce se referiu no final de seu texto, esse mundo seria tão mais leve

bjs