quarta-feira, 13 de maio de 2009

Uma mãe e alguns clichês


Segue o prometido texto escrito para a coluna da revista Circuito. Não é surpreendente, não é revelador, não divide águas. Por isso o clichê já aparece no título. Talvez seja um pouco confuso, sem um ritmo certo. Tudo bem. Sou assim, e desabafei sem vestir máscaras. Tento fazer o melhor, mas quando me dei conta do prazo de entrega já estava atrasada, e nessas horas as ciladinhas estão prontinhas pra pegar a gente. Entre um choro e uma fralda, acrescentava uma palavra, relia, apagava...e o que ficou, ficou. Não sei se gosto. Tem clichês demais. É a vida.

Uma mãe e alguns clichês

Quando virei mãe eu me senti profundamente estranha. Vivi um momento assustadoramente extraordinário e muito diferente do que romantizavam por aí. Fiquei insegura, achando que não amava loucamente aquele serzinho que acabava de sair de mim (ainda não sabia que o medo de não ser suficientemente impecável como mãe me assombraria de vez em quando), e senti muita culpa. Sem dormir direito, com minha liberdade violentada (era assim mesmo que me sentia), questionava o que seria de mim dali pra frente. Estava claramente absorvendo o primeiro impacto da nova vida a três, com seus sons, movimentos e caminhos peculiares. E passei a me apoiar na intuição para ingressar na maternidade. Tudo passou a ser mais divertido. Os erros e os acertos se desenrolando de forma muito leve e natural, e o amor descomunal por minha filha crescendo sem parar.

Aí chegou o segundo filho. Com os hormônios novamente fora do eixo, a culpa bateu em minha porta, implacável. E eu abri. Dividindo a atenção e os cuidados com os dois, sofria por achar que não podia suprir as nessecidades de cada um todo o tempo. Talvez não conseguisse mesmo – até hoje é assim -, pra sorte de todos, que tiveram e têm a oportunidade de aprender com o sim e o não, com o ter e o não ter, o poder e o não poder. E desde então vivo me desdobrando, driblando os contratempos, atendendo aos pedidos dentro dos meus limites (como eles ficam flexíveis quando a gente vira mãe!) e fazendo os meus malabarismos nesta longa estrada. Uma estrada sem avisos, cheia de improvizos, em que temos que ser um pouquinho de tudo: enfermeira, juíza, matemática, cantora, mágica, bióloga, educadora…numa lista sem fim!

Olho ao redor e vejo que não muda muito em outros lares. As referências diferem bastante, mas os conflitos tendem a ser bem semelhantes. Tem mãe que é mais rígida, que ensina os benefícios da disciplina; tem mãe que é superprotetora, que protege demais por amor; tem a mãe despreocupada, que deixa seus filhos voarem com as próprias asas desde cedo; tem a mãe que trabalha muito e assim faz seus filhos aprenderem a administrar a ausência. Tem mãe que é filha, que em alguns momentos quer ser cuidada; tem mãe que é avó, uma mãe em dobro. E tem mãe que é todas essas numa só.

Rótulos à parte, que isso não me interessa, o que eu sei é que toda mãe erra, acerta, sente culpa e se esforça sempre. Toda mãe quer o melhor pro filho, faz o melhor que pode, levanta a poeira e se sacode (ops, acho que troquei as bolas…mãe faz muito isso!). Toda mãe quer ver seu filho feliz e também quer ser feliz. Geração após geração, toda mãe é igual, só muda o endereço. Vai e volta, sobe e desce, cai nos clichês. Vive uma doce e trabalhosa aventura pelos caminhos dos quês e dos porquês. Mãe é mestre. Mãe também é aprendiz. Não tem jeito, mãe é mãe.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Comemoração

Mais um motivo para celebrar o mês de maio: os 300 acessos do blog! Êêêê! Não chega nem aos pés de blogs de amigos, como o do Pedro, que já bateu os 10.000 (!!!!!), mas é algo significativo pra mim. Mesmo.
Mãe, obrigada por entrar trezentas vezes, rsrs. Brincadeirinha.

Valeu pela força, meus amigos, vocês me dão o ânimo pra entrar aqui toda hora!
Beijos.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Vento de Maio

(Telo Borges / Marcio Borges)

Vento de maio rainha de raio estrela cadente
Chegou de repente o fim da viagem
Agora já não dá mais pra voltar atrás
Rainha de maio valeu o teu pique
Apenas para chover no meu piquenique
Assim meu sapato coberto de barro
Apenas pra não parar nem voltar atrás
Chegou de repente o fim da viagem
Agora já não dá mais...
Vento de raio rainha de maio estrela cadente
Chegou de repente o fim da viagem
Agora já não dá mais pra voltar atrás
Rainha de maio valeu o teu pique
Apenas para chover no meu piquenique
Assim meu sapato coberto de barro
Apenas pra não parar nem voltar atrás
Rainha de maio valeu o teu pique
Apenas para chover...
Nisso eu escuto no rádio do carro a nossa canção
Sol girassol e meus olhos abertos pra outra emoção
E quase que eu me esqueci que o tempo não pára
Nem vai esperar
Vento de maio rainha dos raios de sol
Vá no teu pique estrela cadente até nunca mais
Não te maltrates nem tentes voltar o que não tem mais vez
Nem lembro teu nome nem sei
Estrela qualquer lá no fundo do mar
Vento de maio rainha dos raios de sol
Chegou de repente o fim da viagem
Agora já não dá mais pra voltar atrás
Rainha de maio valeu o teu pique
Apenas para chover no meu piquenique
Assim meu sapato coberto de barro
Apenas pra não parar nem voltar atrás
Rainha de maio valeu o teu pique
Apenas para chover no meu piquenique...


E não é que ele tá soprando mesmo?

Maio, meu aniversário, dia das mães, mês dos taurinos e das mudanças...viva!

domingo, 3 de maio de 2009

Meu circuito


A vida traz muitas surpresas mesmo. Assim que me formei no colégio, vivi aquela famosa dúvida quanto ao caminho profissional que tão cedo deveria escolher para trilhar. E nessas fui fazer propaganda e marketing, achando que seria uma redatora bacana, pois sempre curti escrever. Não demorou muito para perceber que aquele não era meu mundo. Egos inflados, a grana ditando as regras do jogo. No último ano de faculdade (acabei me formando mesmo assim) vivi a libertação. Fui chamada para fazer uma mini temporada em São Paulo como backing vocal dos dinossauros do Deep Purple, junto com a Jazz Sinfônica. A atividade musical sempre foi paralela em minha vida (bandinhas, aulas, pequenas apresentações), mas eu tinha medo de assumí-la como profissão de tanto ouvir os palpiteiros de plantão (não, meus pais não estão nessa lista, sempre me apoiaram muito). E depois dessa experiência fantástica, que me tirou da "prisão" em que vivia, batendo cartão numa empresa, entrei no caminho da música pra valer. Fiquei quatro anos atuando como backing vocal, viajando o Brasil e até outros países, e também passei a frequentar estúdios, aprendendo a arte da gravação como cantora. Nesse meio tempo conheci meu marido, também músico. Apaixonada e inspirada, comecei a compor. No início, letras somente. Várias delas meio toscas, rsrs. Com transpiração e muita dedicação fui aprimorando minha arte (ainda muuuito longe do que gostaria, pra minha sorte), e passei a me aventurar nas melodias e harmonias também. E nessa hora, por incrível que pareça, a faculdade fez muita diferença, pois pro ganha-pão ser maior, passei a criar jingles, que exigem da gente uma habilidade específica de traduzir o que os publicitários desejam ouvir. 
Quando achei que já estava tudo bem claro, fui surpreendida novamente. Ao virar mãe, descobri o fascinante universo da música infantil, para o qual compor se tranformou numa grande brincadeira, leve e despretensiosa. Passei então a criar músicas para os meus filhos, pros filhos dos amigos, pros filhos de quem quisesse. Diversão pura. Vizualizei meu caminho bem mais nitidamente, depois de tantos anos, depois de tantas voltas e de tantas dúvidas. Muitos conflitos dos quais não tive como escapar e que até hoje aparecem. Na necessidade de extravasá-los, passei a reviver o prazer de escrever textos, publicando as palavras que vocês lêem aqui. Os amigos começaram a ouvir meu berreiro, com muita honra e com tanto carinho! E nessas, ufa, tomei um susto quando fui convidada a escrever uma coluna para a revista que circula aqui na minha região, a Circuito. Uma coluna específica para o mês das mães, esse maio com céu de brigadeiro, que já tanto me empolga. Com frio na barriga, vi meus passos irem mais longe do que jamais imaginei. Porque esses meus desabafos, até então restritos a um público composto de queridos próximos somente, estarão expostos a uma crítica maior e desconhecida (na próxima postagem mostro o texto!).
Mas pra tantos passos trilhados, é e sempre foi fundamental a presença de alguém. Alguém pra me incentivar ou pra me indicar. Alguém que depositasse em mim confiança. Alguém que me alertasse ou mesmo que me barrasse. Na dinâmica da vida, pessoas precisam das pessoas, de alguma maneira, em algum momento (pena que muitas não percebem isso). E quanta gente importante em meu caminho! Meus pais, minha irmã, meu marido e meus filhos, professores de escola, amigos de infância, amigos de circunstâncias, amigos que não são mais amigos, amigos distantes que serão eternos amigos, amigos recentes, os desconhecidos que em algum momento se tornaram meus coadjuvantes e aqueles que ainda estão por vir ao meu encontro. Hoje preciso dizer que tantas conquistas são mérito nosso! Obrigada por iluminarem meu caminho.