Talvez eu soe repetitiva, mas a loucura anda realmente grande. Estou absolutamente feliz com minha nova vida sem babá, sinto as crianças muito melhores, mas o tempo que me sobra é "muito pouco". Além disso, aquele meu projeto de música infantil precisa ser concluído o quanto antes, meu coração pede assim. Portanto, infeliz e temporariamente, o blog ficará um pouco abandonadinho. Nas minhas espaçadas visitas por aqui deixarei todos a par das novidades, que por enquanto resumem-se à pré-produção do disco. Estou fechando o repertório, algumas composições mais antigas perderam a importância e deram lugar a outras fresquinhas, coisa que exige muito trabalho. E concentração também, fazendo minha cabeça pensar somente em música. Repito: por enquanto! E pra não deixar um vazio novamente, num post criado somente para me justificar, deixo abaixo um poema que resgatei recentemente da "biblioteca", quando resolvi reler um livro de Drummond com outros olhos, quase quinze anos depois. E quanta surpresa! Fui tocada por um poema sobre filhos...inimagináveis em minha vida de adolescente, quando adquiri o "Farewell", último livro dele. Olhem só:
Diante de uma criança
Como fazer feliz meu filho?
Não há receitas para tal.
Todo o saber, todo o meu brilho
de vaidoso intelectual
vacila ante a interrogação
gravada em mim, impressa no ar.
Bola, bombons, patinação
talvez bastem para encantar?
Imprevistas, fartas mesadas,
louvores, prêmios, complacências,
milhões de coisas desejadas,
concedidads sem reticências?
Liberdade alheia a limites,
perdão de erros, sem julgamento,
e dizer-lhe que estamos quites,
conforme a lei do esquecimento?
Submeter-me à sua vontade
sem ponderar, sem discutir?
Dar-lhe tudo aquilo que há
de entontecer um grão-vizir?
E se depois de tanto mimo
que o atraia, ele sente
pobre, sem paz e sem arrimo,
alma vazia, amargamente?
Não é feliz. Mas que fazer
para consolo desta criança?
Como em seu íntimo acender
uma fagulha de confiança?
Eis que acode meu coração
e oferece, como uma flor,
a doçura desta lição:
dar a meu filho meu amor.
Pois o amor resgata a pobreza,
vence o tédio, ilumina o dia
e instaura em nossa natureza
a imperecível alegria.