Era algum dia perto do final de janeiro. Ano de 2008. Eu tinha acabado de trazer o Leo ao mundo, estava bem doida, sem dormir. Recebi um e-mail da mãe de uma amiguinha da Olivia para ir à festinha de aniversário dela, em plenas férias. Achei interessante. Uma oportunidade de conhecer melhor os pais das crianças (Olivia tinha acabado de entrar na escola), sair de casa, dar um tempo naquele círculo vicioso amamentar-trocar-descansar (sim, é gostoso, sou a favor do aleitamento, mas tem hora que a gente cansa), e, principalmente, viver um momento feliz a sós com a primogênita. Ela não sofria de ciúmes, mas sentia falta da exclusividade, é claro. O irmão era um "Zé do Peito", mamava de duas em duas horas, então, dá pra imaginar o malabarismo que tive que fazer para que a saída fosse um sucesso. Tirei energia não sei de onde para me produzir um pouco (a vaidade fica comprometida no pós-parto), comprei presentinho, troquei a pequena, linda e ansiosa num vestido vermelho.
O plano era o seguinte: dar de mamar e sair correndo. O Otavio ficaria dando umas voltas de carro pro Leo dormir, enquanto a gente curtiria a festa um pouco. A noite estava chuvosa, não desanimamos. Eu, curiosamente, me apeguei ao evento de maneira atípica. Ele representou a primeira olhada pro mundo depois de dez longos dias em casa. Subimos as escadas do buffet. O som rolava alto e animado lá dentro, a criançada corria, os garçons também. A euforia do "chegar" na festa, somada a uma provável falha oftálmica (enxergar de longe requer muita concentração), não me deixavam reconhecer ninguém. Nenhuma criança, nenhum adulto. Minha filha queria sair correndo pra brincar, "espera um pouco, só vou perguntar uma coisa pra moça aqui... o quê? Não é a festa da Isabele?". Não, a festa da Isabele tinha sido dois dias antes. Cansada, quis chorar como uma criança, havia muito hormônio doido de plantão torcendo para que eu desmoronasse. Mas me segurei, não pegaria bem, então expliquei pra Olivia o engano com a data que até hoje não sei como foi acontecer. Só sei que foi de dar dó, de mim, da Olivia, em igual proporção. Nós, de pé, na porta de entrada (chovia, lembra?), esperando o papai chegar pra nos buscar, no limite da frustração com a diversão. Olivia em pé, quietinha e murchinha, com o presente quase arrastando no chão. Para amenizar o desconsolo, deixei que ela abrisse o pacote lá mesmo. Quando o papai nos viu, caiu na gargalhada. Mais tarde, já em casa, a pequena só quis saber de brincar com o novo brinquedo. E até hoje, quando passamos em frente ao buffet, faz questão de me lembrar do episódio.
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