terça-feira, 3 de março de 2009

As tranças da princesa


Nunca fui muito vaidosa. Lembro-me muito bem das inúmeras vezes em que minha mãe, ao me ver saindo de casa, corria com seu estojo de maquiagem na mão pra tentar dar um tapa no meu visual. "Fica mais bonita, filha". Eu, adolescente, obviamente negava qualquer proposta. "Ponha pelo menos uma roupa mais alegrinha, vai...". Em vão. Como eu, tão impecavelmente vestida quando criança, andava por aí toda hippie, largada? Ué, essa era a minha maneira de me comunicar com o mundo, de me sentir diferente, de querer fazer a diferença! Eu me divertia com os comentários, principalmente os da minha irmã, que dizia ter vergonha de sair comigo daquele jeito.
Ao saber que teria uma menina, sonhava em vê-la traquinando por aí, na lama, de bicicleta, com roupas confortáveis, toda suja das brincadeiras. E é sempre nessas horas que o mundo dá as surpreendentes voltas. Tenho uma filha boneca, toda vaidosa, que adora o universo das princesas - o que inclui vestidos rodados, cabelos longos e dedinhos pintados. Sempre me esforcei pra não incentivar esse tipo de coisa, mas basta o que ela vê por aí, nas pessoas, nos filmes e nos livros, para que sua vaidade seja estimulada. O que não é tão ruim assim, pois enxergo nela uma outra pessoa, com seus pequenos desejos, com seu próprio caminho. Não levando para o extremo, por mim tá tudo certo!
Ontem de tarde resolvi então entrar no clima: fazer trancinhas no seu cabelo. O que a princípio sempre considerei uma perda de tempo ("coitadinha daquela menina, quanto tempo ela tem que ficar paradinha pra chegar com esse cabelo todo ornamentado?..."), acabou virando uma diversão. Conversamos sobre a vida, enquanto passava um filminho bacana na TV. Quando terminei, toda feliz, levei a Olivia pro banheiro pra ver o resultado. Ela se olhou, ficou quieta (e eu na expectativa) e começou a chorar, dizendo estar horrível. Eu ria, e ela chorava ainda mais, dizendo que aquilo não tinha graça nenhuma. Não importa. O que valeu mesmo foi o processo, um momento muito especial, de troca descontraída. Se isso acontecesse com todas as mães que sacrificam as brincadeiras pra embonecar suas filhas, que bom seria!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Dani, tô aqui emocionada entre a letra ea canção para seu avô, e totalmente identificada com as tranças da princesa,rs. Devemos ter nos parecido bastante no estilo da adolescencia e depois da experiência de ter tido um moleque, anda me perguntando como será ser mãe de menina, e com muita curiosidade para saber qual será o estilo da Ninoca : camiseta preta ou saia rodada ? Quem sabe um mix de tudo mas que delícia perceber a individualidade de cada um....adorei !
Claudia, mãe de Nina e Nic.