Ocupados nas longas madrugadas dentro de um ônibus, conversando sobre tudo, música em especial, olhos nos olhos, despretensiosamente fomos nos conhecendo. E nos apaixonando. O barulho do motor, as luzes em movimento e o balanço nas curvas, que embalavam o sono da maioria, faziam a gente sonhar acordado. Com as máscaras caídas, trocávamos as experiências da vida e projetávamos nosso futuro, sem jamais imaginar que nele estaríamos juntos, que seríamos um casal. O caminho desenhado pelo tempo foi surpreendendo a gente e quem estivesse ao nosso lado. E tudo estava claro, iluminado, como as manhãs de primavera numa rua em Toscana (que vontade de conhecer esse lugar...me leva?).
Não importariam as oscilações ou os buracos do asfalto. Dissemos sim, pegamos a nossa estrada, e nela permanecemos até hoje. De vez em quando uma tempestade faz a gente parar. Tudo bem. Quando o carro dá sinais de que pode quebrar, a gente encosta pra uma revisão. Não tem jeito. Mas se o dia está inspirador, abrimos o vidro, sentindo o atrito do vento em nossas mãos, e sorrimos. Depois de alguns quilômetros rodados, abrimos as portas pras caronas. No banco de trás, carregamos duas crianças e uma cachorrinha. A viagem ficou bem mais divertida. A gente canta, briga, chora e brinca, com as mãos firmes na direção. E eles adoram seguir assim, sabendo que estão seguros, vendo papai e mamãe na frente, revezado o volante. Se o cansaço bate a gente para pra descansar. Normal. Quando passamos uma saída, que diferença faz? Pegamos o retorno, ou não. Porque perder o rumo também é divertido. Estamos todos juntos, afinal.
Com o tempo, nossas ilustres caroninhas vão descer. Cada um vai pegar seu próprio carro, dirigir na própria estrada. Fazer o quê? A gente vai correr atrás, sem nunca exceder os limites de velocidade, porque isso eles vão aprender muito bem com a gente. Ganharemos um aceno de um, uma buzinada de outro, cada um no seu caminho, e nós na nossa estrada de sempre. Depois de mais alguns bons quilômetros, a turma vai crescer. Nora, genro, netos, bisnetos e quem mais quiser. E quando esse dia chegar, provavelmente voltaremos às origens. Desejaremos viajar num ônibus, todos juntos, numa verdadeira bagunça. E talvez, nesta altura da vida, nossa estrada chegue ao fim. Um fim feliz. Eu e você, juntos. Desde sempre, pra sempre.
5 comentários:
Te levo pra onde quiser.Você é tudo pra mim.
Você e os nossos pequenos.
Nunca pensei que o caminho que traçamos juntos, que como você bem disse, começou de madrugada, num ônibus, fosse amanhecer em lugares tão bonitos, com tantas paisagens, com tantas encruzilhadas.
Além de ser meu amor, tu és a maior companheira, mãe, compositora, cantora, mulher,escritora, blogueira, etc,etc,etc, que eu já vi.
Obrigado por tudo , tudo mesmo.
Tenho imenso orgulho de ser seu marido, de ser pai da Lili, do Lelé, da Loompa...
Vamos seguir em frente na estrada!!!
Te amo.
Otavio.
Lindo, Lindo, Lindo.
O texto, a resposta... a estrada de vcs.
Beijos,
Maricy
Nossa...acho que estou mesmo ficando velha. Comecei o texto rindo, fui me emocionando e acabei chorando lendo o comentário do Otavio. Ainda bem que meu ônibus começa a ficar lotado!!!
Amiga...tudo lindo....fiquei mais uma vez emocionada, primeiro com seu texto depois com a resposta...lindo, lindo , lindo!!!!
Olá Dani,pesquisando na net por causa do seu marido,achei seu blog e esse texto é muito bacana...Parabens...
O motivo de procurar pelo Otávio é que minha esposa gravou um cd que ele produziu - Elaine Cristina -Gravadora Paulinas.Comep - foi em 2004 se não me engano...Minha esposa estava grávida do nosso filho e o Otávio já falava de vc pra ela - Minha esposa canta muito,ele dizia pra Elaine..rs...Hj pensei "Vou procurar saber o que o Otávio tem feito",ao dar um search no Google..E aí achei seu blog e seus textos muito bacanas...
Tb temos um casal de filhos e a musica tá "meio parada" em casa...Mas com certeza vai rolar alguma coisa em breve e o Otávio é o "cara" pra fazer novamente...Grande abraço pra vcs,fiquem com Deus e muita música...
Ramiro Júnior - SJCampos.
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