Ele distribui sorrisos. Não tem medo do trabalho. Ajuda a carregar as compras, leva cachorro pra passear e segura a porta do elevador. Atende ao interfone, inspeciona os andares do prédio, resignado na sua função de zelador. Nos momentos de descanso, num cantinho do próprio condomínio em que trabalha e mora, o baiano Pereira esculpe seus sonhos de argila. Volta a ser menino, viaja no tempo, criando suas esculturas para depois admirá-las. Ano após ano, elas vão recheando as estantes do quarto, com poucas chances de serem apreciadas por um público.
Conheci o Pereira muito antes de conhecer suas esculturas. Ele trabalha no edifício da Vovó Regina, a querida vovó contadora de histórias dos meus pequenos. Pereira testemunhou minha entrada na nova família, meu casamento, o nascimento de meus filhos. Sempre nos iluminando com sua simpatia e gentileza. Num belo dia, quando manobrava o carro na garagem, eu consegui enxergar bem atrás daquele aceno à porta - a porta de seu quarto -, as preciosidades artísticas que ele colecionava. Ele não sabia, mas desde então fiquei com um desejo de mostrar o que ele fazia pra quem quisesse conhecer. E, abraçando uma oportunidade - num contexto em que a minha pequena está apreciando na escola a Arte Popular, resolvi fazer um vídeo, bem caseiro (perdoem-me os amigos da área, hein!), mas de todo o coração. Uma homenagem a todos os Pereiras deste Brasil!
http://www.youtube.com/watch?v=rtO3K5i6sms&feature=g-upl
Obs.: trilla sonora "Bola de Meia, bola de gude, com a Banda de Boca.
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