quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A flor que desabrocha


O mundo da Olivia é florido. Flores de mil cores e formas, na cabeça, na roupa, nos sapatos. Flores cheirosas, nos perfumes que ela coleciona. Flores particulares, retratadas nos desenhos. Flores e mais flores, que nascem em todos os cantos, encantam e inspiram meu pequeno brotinho. Marias-sem-vergonha, antúrios, margaridas. Orquídeas, gérberas, tulipas. Lírios, rosas, brincos de princesa. Difícil é removê-la da idéia de arrancá-las dos jardins alheios...

"Não, filha. Não faça isso com a florzinha, coitadinha", recomeço, pela enésima vez, o meu papo politicamente correto.

Ela aguarda a continuação do discurso, exatamente o mesmo, sem uma vírgula a mais ou a menos, desde quando ela se entende por gente.

"Você está tirando a flor do convívio com sua família. Já pensou, a mamãe dela vai ficar preocupada, perguntando 'cadê a florzinha querida que desapareceu'!"

"Eu sei, mãe (eles vão crescendo e o carinhoso "mamãe" vai dando lugar a um "mãe" meio entediado), mas eu tive uma idéia. Vou arrancar TODAS as flores do canteiro, aí sim elas ficam juntas!"

É. Taí um exemplo de como a coisa vai ficando elaborada com o passar dos anos. As roupinhas de bebê já não servem mais. A chupeta não existe mais. E as explicações da mamãe também não convencem mais. Fico pirando só de pensar no que me espera quando a adolescência bater à porta. O que eu disse depois disso? Bem, contei que sozinhas, sem as folhas, as flores não sobrevivem e ficam tristes, murchas. Por quanto tempo esse discurso vai durar, não sei. Espero que até a próxima primavera...

Um comentário:

Rosana disse...

Essa é a Olivia...