Leonardo é o menino bicho. Um menino diferente. Vira bicho, do nada, de repente.
Se uma árvore atravessa seu caminho, ele vira um macaquinho. Tenta a todo custo subir, sem medo de cair.
Se o céu está azul, aquele céu de brigadeiro, ele bate suas asinhas e tenta voar, como um passarinho ligeiro.
Quando chove e a terra vira lama, lá vai o menino bicho se achando um porquinho. Rola, deita, lá faz a sua cama.
Também não pode ver uma piscina, que logo vira bicho do mar. Peixe, tubarão, golfinho, tartaruga, o que puder imaginar.
Se o dia está quente, aquele calor de rachar, ele se molha no mesmo instante. Pensa que tem uma tromba, que é um elefante.
Às vezes, no meio da noite, ele vira morcego. Perde o sono, quer brincar, e acaba com o nosso sossego.
Quando vê uma fila de formiguinhas trabalhando, lá vai ele atrás, feito tamanduá caçando.
Se alguém faz cócegas em sua barriguinha, ele se encolhe todo, vira um tatu-bolinha.
Ao chegar da escola, depois de muito brincar, quem chega perto dele já sabe, agora ele é um gambá.
Se avista um prato de comida, vai abrindo o seu bocão. Devora tudo o que vê pela frente, com sua fome de leão.
Mas nas horas de cansaço, vira bicho preguiça, pendurado num abraço.
E se for no colo da mamãe, é diferente. Ela volta a ser menino, menino gente, que adora um carinho, um denguinho que acalente.
É uma figura esse menino bichinho!