quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Menino Bicho


Leonardo é o menino bicho. Um menino diferente. Vira bicho, do nada, de repente.

Se uma árvore atravessa seu caminho, ele vira um macaquinho. Tenta a todo custo subir, sem medo de cair.

Se o céu está azul, aquele céu de brigadeiro, ele bate suas asinhas e tenta voar, como um passarinho ligeiro.

Quando chove e a terra vira lama, lá vai o menino bicho se achando um porquinho. Rola, deita, lá faz a sua cama.

Também não pode ver uma piscina, que logo vira bicho do mar. Peixe, tubarão, golfinho, tartaruga, o que puder imaginar.

Se o dia está quente, aquele calor de rachar, ele se molha no mesmo instante. Pensa que tem uma tromba, que é um elefante.

Às vezes, no meio da noite, ele vira morcego. Perde o sono, quer brincar, e acaba com o nosso sossego.

Quando vê uma fila de formiguinhas trabalhando, lá vai ele atrás, feito tamanduá caçando.

Se alguém faz cócegas em sua barriguinha, ele se encolhe todo, vira um tatu-bolinha.

Ao chegar da escola, depois de muito brincar, quem chega perto dele já sabe, agora ele é um gambá.

Se avista um prato de comida, vai abrindo o seu bocão. Devora tudo o que vê pela frente, com sua fome de leão.

Mas nas horas de cansaço, vira bicho preguiça, pendurado num abraço.

E se for no colo da mamãe, é diferente. Ela volta a ser menino, menino gente, que adora um carinho, um denguinho que acalente.

É uma figura esse menino bichinho!

domingo, 15 de novembro de 2009

Sim, chef!


A água da banheira, fria e turva, anuncia que é hora de sair do banho. Mas os dois parecem não se preocupar muito com isso.

Vamos sair do banho, crianças!

Olivia e seus mil potes, ensaiando mais um novo prato (tem cada um!), e Leonardo bagunceiro, jogando água pra fora todo o tempo, fingem não me escutar.

Vocês me ouviram? Nós vamos sair agora! Quem vai primeiro?

E então Olivia se manifesta.

Não posso.

Por quê?

Estou preparando um "fermento da tarde principal".

Hummm...!!!??!!!!

Quem sou eu para censurá-la neste momento? Vai que estou diante de uma futura Nigella...

E foi assim que deixei minha chef terminar mais uma de suas mirabolantes receitas!

Quando tem espaço...


O.B., carefree, pilha.
Hotwheels, batom, presilha.
Papel amassado, papel de bala, cartão de visita.
Moeda solta, bonequinha de pano, folha seca.
Creme para mãos, creme para o rosto, carteira.
Pedaço de fita, pedaço de pano, giz de cera.
Anel, bexiga vazia, bloquinho de anotação.
Boletos quitados, pen drive, resto de pão.
Maquiagem de mãe, maquiagem de filha, dinossauro.
Bolinha-perereca, meia, soro fisiológico.
Máquina fotográfica, pulseira quebrada, passaporte.
Varinha mágica, livro infantil, mini-cofre.

Não, não é a bolsa da Mary Poppins.
É a minha mesmo.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O pai da noiva


Minha prima se casou no sábado. Prima irmã única, caçula, que esperava com ansiedade por este momento. Eu fui uma das madrinhas no impecável evento e fiquei emocionada ao passar sobre o tapete, até o altar. O Otavio também. Ele se pôs no lugar do pai da noiva, meu tio. E sussurrou em meu ouvido que não se sente preparado pra viver isso com sua filha, e talvez nunca se sentirá. Fiquei bem quietinha, com cara de "calma, tem muito chão ainda". Mas sei que o tempo voa. E me sinto como ele, totalmente despreparada. Deixa pra lá. Um brinde aos noivos, lindos e felizes!!!

Obs.: papel do bem casado, delicioso, devidamente escaneado pra ilustrar o post de hoje!!!

domingo, 8 de novembro de 2009

Uma noiva diferente

Pai, quando for meu casamento quero um bolo alto com flores e folhas de manjericão.

O pai ficou mudo.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Nosso feriado


Acordo mais cedo, em pleno feriado. Preparo o café balanceado e corro tomar um banho de cinco minutos pra refrescar. A manhã já está quente e ensolarada, o dia promete. Preparo a mala da viagem. Vamos todos ao zoológico de Sorocaba. Mais perto, mais vazio, mais limpo (valeu pela dica, Dé!). Separo toalha, protetor, duas trocas de roupa, lanchinhos, lencinhos, fraldas, carrinho, muita água, boné. Sabe como é, a gente tem que ser prevenida. Pelo menos tentar, no meu caso. Acordo a criançada fazendo festa, "hoje vamos ver o leão e o elefante!!!", mas por enquanto a festa é só minha. Eles têm sono. Demora um pouco até conseguirmos sair de casa. Com vocês também é assim ou eu sou atrapalhada demais? Pé na estrada, tudo livre, vamos ao som de Al Jarreau. Eles curtem. Fazia tempo que não ouvia sua versão ao vivo de Take Five. Demais. O ar condicionado não quer dar conta do calorão lá de fora. Mas o verde à nossa volta nos conforta. Que caminho gostoso, apesar das lombadas (pegamos a Raposo Tavares)! Os dois dormem um pouco, e a gente chega em paz. Nessa hora faço mais uma festa, "chegaaaamoooosssss", e eles não dão bola. Se o pique continuar assim, o passeio terá parcos pontos no "ibope". Tudo bem. Pelo menos não teremos desembolsado grandes valores, pois no interior os preços mudam. Nada daqueles estacionamentos assaltantes de São Paulo, que querem tirar tudo de nossa carteira. "Oito reais, não importa o tempo que ficar", diz timidamente o funcionário, com receio de que achemos muito caro. E a entrada do parque/zoo, insignificantes três reais (criança até nove anos não paga)!
Cheio de árvores, com saguis e garças passeando sobre nossas cabeças, o zoológico é realmente especial. Tem de tudo. E muito conforto. De tênis no pé, andamos sem parar. Mas o Leo, sentado no carrinho, só quer saber de chupar o dedo. E a Olivia, em pé na parte de trás, só quer tomar sorvete. Ainda assim, tento levantar os ânimos. A cada bicho que avisto, faço uma nova festa. Empolgada, tento um diálogo selvagem com eles, imitando seus sons. E só o que consigo com isso é notar os olhares espantados dos visitantes, que não sabem se é pra rir ou ter pena de mim. Porque os bichos mesmo nem me ouvem. Estão escondidos do sol, em suas tocas, em suas sombras. E por conta disso não vemos nenhum de perto. Paciência. O calor está realmente demais. Então, depois de muito exercício físico, com o suor escorrendo pelo corpo e as crianças inquietas, eu e papai tomamos a sensata decisão de voltar pra casa. Já no carro, meu telefone toca. Recebemos um convite para passar a tarde dentro de uma "Regan". A criançada se anima. Bem melhor que um passeio no zoológico? Nada lógico. Mas a gente tentou. Por eles. E por nós também. Afinal, fazia mais de uma década que não via um elefante de perto...