domingo, 3 de maio de 2009

Meu circuito


A vida traz muitas surpresas mesmo. Assim que me formei no colégio, vivi aquela famosa dúvida quanto ao caminho profissional que tão cedo deveria escolher para trilhar. E nessas fui fazer propaganda e marketing, achando que seria uma redatora bacana, pois sempre curti escrever. Não demorou muito para perceber que aquele não era meu mundo. Egos inflados, a grana ditando as regras do jogo. No último ano de faculdade (acabei me formando mesmo assim) vivi a libertação. Fui chamada para fazer uma mini temporada em São Paulo como backing vocal dos dinossauros do Deep Purple, junto com a Jazz Sinfônica. A atividade musical sempre foi paralela em minha vida (bandinhas, aulas, pequenas apresentações), mas eu tinha medo de assumí-la como profissão de tanto ouvir os palpiteiros de plantão (não, meus pais não estão nessa lista, sempre me apoiaram muito). E depois dessa experiência fantástica, que me tirou da "prisão" em que vivia, batendo cartão numa empresa, entrei no caminho da música pra valer. Fiquei quatro anos atuando como backing vocal, viajando o Brasil e até outros países, e também passei a frequentar estúdios, aprendendo a arte da gravação como cantora. Nesse meio tempo conheci meu marido, também músico. Apaixonada e inspirada, comecei a compor. No início, letras somente. Várias delas meio toscas, rsrs. Com transpiração e muita dedicação fui aprimorando minha arte (ainda muuuito longe do que gostaria, pra minha sorte), e passei a me aventurar nas melodias e harmonias também. E nessa hora, por incrível que pareça, a faculdade fez muita diferença, pois pro ganha-pão ser maior, passei a criar jingles, que exigem da gente uma habilidade específica de traduzir o que os publicitários desejam ouvir. 
Quando achei que já estava tudo bem claro, fui surpreendida novamente. Ao virar mãe, descobri o fascinante universo da música infantil, para o qual compor se tranformou numa grande brincadeira, leve e despretensiosa. Passei então a criar músicas para os meus filhos, pros filhos dos amigos, pros filhos de quem quisesse. Diversão pura. Vizualizei meu caminho bem mais nitidamente, depois de tantos anos, depois de tantas voltas e de tantas dúvidas. Muitos conflitos dos quais não tive como escapar e que até hoje aparecem. Na necessidade de extravasá-los, passei a reviver o prazer de escrever textos, publicando as palavras que vocês lêem aqui. Os amigos começaram a ouvir meu berreiro, com muita honra e com tanto carinho! E nessas, ufa, tomei um susto quando fui convidada a escrever uma coluna para a revista que circula aqui na minha região, a Circuito. Uma coluna específica para o mês das mães, esse maio com céu de brigadeiro, que já tanto me empolga. Com frio na barriga, vi meus passos irem mais longe do que jamais imaginei. Porque esses meus desabafos, até então restritos a um público composto de queridos próximos somente, estarão expostos a uma crítica maior e desconhecida (na próxima postagem mostro o texto!).
Mas pra tantos passos trilhados, é e sempre foi fundamental a presença de alguém. Alguém pra me incentivar ou pra me indicar. Alguém que depositasse em mim confiança. Alguém que me alertasse ou mesmo que me barrasse. Na dinâmica da vida, pessoas precisam das pessoas, de alguma maneira, em algum momento (pena que muitas não percebem isso). E quanta gente importante em meu caminho! Meus pais, minha irmã, meu marido e meus filhos, professores de escola, amigos de infância, amigos de circunstâncias, amigos que não são mais amigos, amigos distantes que serão eternos amigos, amigos recentes, os desconhecidos que em algum momento se tornaram meus coadjuvantes e aqueles que ainda estão por vir ao meu encontro. Hoje preciso dizer que tantas conquistas são mérito nosso! Obrigada por iluminarem meu caminho.

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