Uma mãe e alguns clichês
Quando virei mãe eu me senti profundamente estranha. Vivi um momento assustadoramente extraordinário e muito diferente do que romantizavam por aí. Fiquei insegura, achando que não amava loucamente aquele serzinho que acabava de sair de mim (ainda não sabia que o medo de não ser suficientemente impecável como mãe me assombraria de vez em quando), e senti muita culpa. Sem dormir direito, com minha liberdade violentada (era assim mesmo que me sentia), questionava o que seria de mim dali pra frente. Estava claramente absorvendo o primeiro impacto da nova vida a três, com seus sons, movimentos e caminhos peculiares. E passei a me apoiar na intuição para ingressar na maternidade. Tudo passou a ser mais divertido. Os erros e os acertos se desenrolando de forma muito leve e natural, e o amor descomunal por minha filha crescendo sem parar.
Aí chegou o segundo filho. Com os hormônios novamente fora do eixo, a culpa bateu em minha porta, implacável. E eu abri. Dividindo a atenção e os cuidados com os dois, sofria por achar que não podia suprir as nessecidades de cada um todo o tempo. Talvez não conseguisse mesmo – até hoje é assim -, pra sorte de todos, que tiveram e têm a oportunidade de aprender com o sim e o não, com o ter e o não ter, o poder e o não poder. E desde então vivo me desdobrando, driblando os contratempos, atendendo aos pedidos dentro dos meus limites (como eles ficam flexíveis quando a gente vira mãe!) e fazendo os meus malabarismos nesta longa estrada. Uma estrada sem avisos, cheia de improvizos, em que temos que ser um pouquinho de tudo: enfermeira, juíza, matemática, cantora, mágica, bióloga, educadora…numa lista sem fim!
Olho ao redor e vejo que não muda muito em outros lares. As referências diferem bastante, mas os conflitos tendem a ser bem semelhantes. Tem mãe que é mais rígida, que ensina os benefícios da disciplina; tem mãe que é superprotetora, que protege demais por amor; tem a mãe despreocupada, que deixa seus filhos voarem com as próprias asas desde cedo; tem a mãe que trabalha muito e assim faz seus filhos aprenderem a administrar a ausência. Tem mãe que é filha, que em alguns momentos quer ser cuidada; tem mãe que é avó, uma mãe em dobro. E tem mãe que é todas essas numa só.
Rótulos à parte, que isso não me interessa, o que eu sei é que toda mãe erra, acerta, sente culpa e se esforça sempre. Toda mãe quer o melhor pro filho, faz o melhor que pode, levanta a poeira e se sacode (ops, acho que troquei as bolas…mãe faz muito isso!). Toda mãe quer ver seu filho feliz e também quer ser feliz. Geração após geração, toda mãe é igual, só muda o endereço. Vai e volta, sobe e desce, cai nos clichês. Vive uma doce e trabalhosa aventura pelos caminhos dos quês e dos porquês. Mãe é mestre. Mãe também é aprendiz. Não tem jeito, mãe é mãe.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
Uma mãe e alguns clichês
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Comemoração
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Vento de Maio
(Telo Borges / Marcio Borges)
Vento de maio rainha de raio estrela cadente
Chegou de repente o fim da viagem
Agora já não dá mais pra voltar atrás
Rainha de maio valeu o teu pique
Apenas para chover no meu piquenique
Assim meu sapato coberto de barro
Apenas pra não parar nem voltar atrás
Chegou de repente o fim da viagem
Agora já não dá mais...
Vento de raio rainha de maio estrela cadente
Chegou de repente o fim da viagem
Agora já não dá mais pra voltar atrás
Rainha de maio valeu o teu pique
Apenas para chover no meu piquenique
Assim meu sapato coberto de barro
Apenas pra não parar nem voltar atrás
Rainha de maio valeu o teu pique
Apenas para chover...
Nisso eu escuto no rádio do carro a nossa canção
Sol girassol e meus olhos abertos pra outra emoção
E quase que eu me esqueci que o tempo não pára
Nem vai esperar
Vento de maio rainha dos raios de sol
Vá no teu pique estrela cadente até nunca mais
Não te maltrates nem tentes voltar o que não tem mais vez
Nem lembro teu nome nem sei
Estrela qualquer lá no fundo do mar
Vento de maio rainha dos raios de sol
Chegou de repente o fim da viagem
Agora já não dá mais pra voltar atrás
Rainha de maio valeu o teu pique
Apenas para chover no meu piquenique
Assim meu sapato coberto de barro
Apenas pra não parar nem voltar atrás
Rainha de maio valeu o teu pique
Apenas para chover no meu piquenique...